Empresários furam fila da vacina e obrigam os trabalhadores a se exporem
Atropelando a legislação, a moralidade e qualquer sentido de humanidade, para não falar do sentido cristão de amor ao próximo que a maioria desses senhores professam, empresários do setor de transporte em Minas Gerais, furaram a fila da vacinação adquirindo doses da Pfizer contra a Covid-19.
Segundo reportagem da Revista Piauí quem organizou a vacinação empresarial foram os proprietários da Saritur. Por lei, empresas privadas podem adquirir a vacina, mas devem repassá-las ao SUS até que todos do grupo de risco sejam imunizados, depois disso as empresas também podem adquirir, mas desde que a metade seja repassada ao SUS, o órgão responsável pela vacinação. Um dos agraciados pela vacinação, conforme a denúncia, teria sido o ex-senador e ex-vice-governador de Minas Clésio Andrade, que também foi presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Temos aqui uma situação no mínimo extremamente contraditória, pra não se dizer criminosa. Enquanto os trabalhadores do transporte estão na linha de frente para transportar os servidores da saúde, da segurança e outros serviços básicos, são muitas vezes atacados por exigirem condições e escalas mais seguras de trabalho; o patronato no conforto de seus escritórios, burla a legislação para se proteger da forma mais egoísta possível. Além do ultraje por parte destes empresários de ônibus, quando reduzem a frota, demitem e fazem dinheiro com a superlotação do transporte coletivo durante a pandemia.
A população brasileira é de aproximadamente 212 milhões, e nem 10% foram vacinados, enquanto a pandemia avança, passando a marca de mais de 300 mil vítimas fatais da COVID-19. Não bastasse o fato de que o governo Bolsonaro vem debochando da população ao não se tomar as providência necessárias, agora temos uma elite de empresários que dispõe do conforto de suas mansões, transporte individualizado e até mesmo de aeronaves, se sentirem no direito de ignorar a legislação, a fim de não correr nenhum risco, enquanto o povo pede misericórdia com casos de pacientes sendo intubados sem sedação. Isso é crime!
Não podemos aceitar esse tipo de imoralidade. O distanciamento cada vez mais crescente dos privilégios de uma elite preconceituosa e depravada, joga os trabalhadores nos caminhos da morte enquanto se imuniza sem o consentimento legal. Atacam as medidas de isolamento, e jogam seus empregados em condições perigosas, pois consideram o restante da população como seres descartáveis, com o único propósito de gerar lucro. Tal fato se comprova, pois até o momento a categoria dos trabalhadores dos transportes, como várias outras prestadoras de serviços essenciais, não têm no calendário prioritário de vacinação, uma data definida para se imunizar.
A Pfizer que tem um contrato como o Ministério da Saúde, nega ter vendido vacina a particulares no Brasil, portando o caso se complica ainda mais, e tanto empresários como políticos envolvidos devem ser investigados, responsabilizados e punidos.
