Manifestação dia 20 de agosto: contra o ajuste fiscal.
É preocupante a crise que atinge a sociedade brasileira. É uma crise econômica e política, com graves consequências na área social e que requer uma reação dos trabalhadores e da juventude para combater a restauração neoliberal e o retrocesso político promovido pelos setores hegemônicos das classes dominantes e, ao mesmo tempo, fazer a defesa dos interesses da classe trabalhadora. Para enfrentar este desafio só temos um caminho: o da luta. Luta que deve ocupar os espaços possíveis, dos locais de trabalho às ruas, dos sindicatos às galerias e gabinetes do Congresso, dos meios de comunicação tradicionais às redes sociais.
O que torna mais grave e complexo o atual momento histórico é a inter-relação entre a crise econômica e a crise política. A fragilidade do governo e de seu principal partido de sustentação abre espaço para as forças conservadoras promoverem o retrocesso no Congresso (diminuição da maioridade penal, contra-reforma política, precarização das relações de trabalho) ao mesmo tempo em que os mantêm reféns da arbitrariedade do poder judiciário e do ataque permanente da grande mídia. O governo tem que romper imediatamente com a adoção de medidas contrárias aos interesses dos trabalhadores. Deve negociar e atender as reivindicações dos trabalhadores públicos federais, alguns em greve há mais de 2 meses.
Não podemos aceitar a política econômica atual, com seu ajuste fiscal, para combater a crise, pelo seu caráter regressivo e recessivo. Mantida a atual política macroeconômica, o país caminhará para um período longo de recessão, que a classe trabalhadora perderá as conquistas obtidas com muitas lutas ao longo dos anos e a economia brasileira ficará subordinada aos interesses hegemónicos do capital financeiros e das empresas transnacionais. Só o ajuste fiscal prevê cortes de 17,232 bilhões de reais para o Ministério das Cidades, isto quer dizer menos investimentos em saneamento básico e infraestrutura; corte de 32% nos recursos do Minha Casa - Minha Vida, num país onde milhões não têm casa própria; corte de 9,423 bilhões na Educação que já é uma das áreas mais sucateadas do país; precarização do trabalho; arrocho salarial; demissões ...
Mas, para os ricos fica garantido o pagamento da dívida pública, sendo que mais de 40% da arrecadação feita pelo governo, através desse pagamento, vai parar nos bolsos dos grandes banqueiros, como ocorreu com os Bancos ltaú e Bradesco, que bateram novos recordes de lucro neste semestre.
Não podemos aceitar a privatização da Petrobras, seja explícita e direta ou maquiada, através de concessões para empresas privadas na exploração do petróleo. Defendemos que o dinheiro do pré-sal seja destinado à educação e ao desenvolvimento de políticas sociais. E também não podemos aceitar que o governo siga adiante com seu pacote de concessões que entrega à iniciativa privada portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Não podemos aceitar este jeito neoliberal de governar, onde os serviços públicos são privatizados e depois as obras são financiadas com dinheiro público, concedido através do BNDES.
Vamos dar um basta no comportamento despótico do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e na bancada BBB (bancada do Boi, Bíblia e Bala) que votou o projeto que reduz a maioridade penal e só traz mais punição para a juventude ao invés de sério investimento em ensino público, de qualidade, e lazer. Essa bancada reacionária é contra os avanços da ciência e da medicina, criminaliza os movimentos sociais e humanos. É machista e homofóbica, fundamenta seus argumentos na antiga Lei de Talião (olho por olho, dente por dente) para os pobres, enquanto os ricos podem desavergonhadamente ostentar o máximo de riqueza. Essa bancada é a favor da corrupção porque votou pelo financiamento privado das campanhas eleitorais. Todos sabem que as empresas não dão dinheiro algum para campanhas de candidatos ao poder executivo e legislativo. O que elas fazem é tão somente um investimento nesses candidatos e, depois, exigem tudo e muito mais de volta para os cofres dessas empresas e para os bolsos de seus empresários. Assim como a proposta de impeachment é um golpe na democracia, também a retirada de direitos é um golpe contra a classe trabalhadora para favorecer única e exclusivamente o grande capitalista, o dono dos meios de produção e o verdadeiro responsável pela crise, abacaxi que agora querem obrigar o trabalhador a descascar.
Nesse sentido, as Centrais Sindicais CUT, CTB, CSP-Conlutas e demais centrais devem buscar a unidade e mobilizar os trabalhadores para derrubar todos os projetos em tramitação no Congresso Nacional que retiram direitos trabalhistas e penalizam os aposentados, com reajustes diferenciados aos reajustes do Salário Mínimo. As Centrais Sindicais devem abrir uma batalha na mídia e na mobilização dos trabalhadores pela derrubada do PLC 30/2015 (sem se esquecer do PL C 300), que visa regulamentar a terceirização, e das Medidas Provisórias 664 e 665 que retiram direitos dos trabalhadores já precarizados. Devem organizar conjuntamente uma Greve Geral no Brasil que recoloque as reivindicações dos trabalhadores a frente dos projetos neoliberais.
É preciso mobilizar toda a classe trabalhadora brasileira, a principal responsável pela construção de toda a tecnologia que deveria estar à disposição de toda a sociedade, e lutar contra a onda de demissões, bem como pela redução da jornada de trabalho, sem redução do salário. Trabalhar menos, para que todos trabalhem.