Quando a luta pela vida não é respeitada
O transporte de passageiros é um dos maiores vetores de transmissão do coronavirus. Desde o início da pandemia, no ano passado, e com o crescente número de mortos, os metroferroviários mantiveram suas atividades visando o transporte dos que estavam na linha de frente do combate à doença.
A categoria, através do SINDIMETRO-MG, alertou várias vezes e fez muitas tratativas e denúncias sobre as condições inapropriadas que a CBTU vinha oferecendo aos seus funcionários.
Com o início tardio da vacinação e do relaxamento nas medidas de isolamento social cuja responsabilidade é das autoridades políticas, principalmente o governo federal, que deu inúmeros exemplos de irresponsabilidade e menosprezo à vida, levando, inclusive, à abertura de uma CPI, os trabalhadores do transporte de passageiros ficaram na expectativa de ser vacinados o mais rápido possível devido à sua exposição e ao contato com a população em geral. Algumas medidas preventivas foram tomadas e não houve interrupção do trabalho.
O relaxamento quase completo e a inoperância das autoridades para a vacinação da população trouxe um clima de apreensão cada vez maior entre os trabalhadores tendo em vista que a morte ronda cada vez mais por perto. O Sindicato intensificou as cobranças sobre a direção da empresa e as autoridades locais para tomarem providências diante da crise sanitária.
No último dia 17 de maio, o Sindicato realizou uma assembleia com indicativo de paralisação para o dia 20 que foi aprovado pelos trabalhadores. No dia 19 de maio, no fim da tarde, o prefeito de Belo Horizonte chamou a diretoria do Sindicato para uma reunião quando prometeu resolver a data de vacinação da categoria no prazo de 30 dias. A direção do sindicato suspendeu momentaneamente a paralisação para consultar a categoria para saber se aceitava a proposta do prefeito ou se mantinha a paralisação.
A categoria resolveu manter a paralisação para o dia 26 de maio. A CBTU tentou impedir o movimento com um pedido de liminar no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O TRT não acatou o pedido na íntegra e determinou que o metrô deveria funcionar nos horários de 5 e meia às 10 horas e de 16 às 20 horas. Portanto, de 10 às 16 horas o metrô não deveria funcionar.
Pela manhã, os diretores do Sindicato foram para as estações conversar com os trabalhadores para garantir a paralisação nos termos determinados pelo TRT, mas para “surpresa” de todos a CBTU já demonstrara que não queira cumprir nada, enviando aos funcionários que estavam de folga um comunicado pelas redes sociais para que viessem fazer horas-extras no horário em que o metrô não funcionaria.
Essa foi uma atitude irresponsável de quem, além de não respeitar a luta pela vida, não respeita ordens judiciais e nem o direito à paralisação, à greve e à luta coletiva dos trabalhadores. Temos mais de 450.000 mortos no Brasil pela Covid-19 e é com esse tipo de gente que temos lidado na direção do país e das empresas.
Quando a diretoria do Sindicato estava conversando com os trabalhadores na Estação Eldorado, a direção da empresa tentou colocar em prática o seu desrespeito a qualquer tipo de decisão dos trabalhadores e da Justiça. Para barrar a arbitrariedade da empresa, a diretoria do Sindicato resolveu descer para os trilhos e exigir que se cumprissem as determinações do TRT. A segurança metroferroviária abordou o companheiro Pablo Henrique, algemou-o e entregou-o à Polícia Militar, que o encaminhou para uma delegacia.
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Os trabalhadores estão sob uma enorme pressão com direitos retirados desde a reforma trabalhista, com a ameaça de privatização da empresa - quando perderão seus empregos -, e ainda são cerceados de lutar pela vida. Se a empresa quer atuar no sentido de coibir a luta da categoria está indo no sentido contrário, pois o Sindicato está disposto a chamar a categoria para uma paralisação por tempo indeterminado.
Esse brutal sistema só pode ser parado com a união da categoria e da classe trabalhadora no Brasil todo, a exemplo do que vem acontecendo no Chile e na Colômbia. O povo não pode suportar mais tanta exploração e opressão de um governo irresponsável que quer entregar o nosso país a preço de banana aos grandes monopólios. A categoria metroferroviária não pode aceitar a humilhação de ser submetida às condições de trabalho degradantes e a um arrocho salarial sem limites.
Vamos nos mantermos unidos! Vamos à luta pela vida e por nosso trabalho com dignidade!