Por que querem privatizar o metrô?
Nem todos sabem, mas o metrô não foi feito para dar lucros, ele foi construído para fazer-se cumprir a Constituição Federal que garante a mobilidade urbana, ou seja, o direito das pessoas irem e virem, por isso o preço da tarifa era relativamente baixo se comparado com a passagem de ônibus cujas empresas são todas privadas.
Há anos espera-se a expansão do metrô e ele não acontece sob direção do governo federal, mas todos sabem que existe um grupo de pressão imenso das empresas de ônibus para que o metrô não chegue à Betim e ao Barreiro, quanto mais demanda mais eles podem impor preços e qualidade ruim nos seus serviços.
Qualquer investimento em linhas metroferroviários são altíssimos, na ordem de bilhões, e para ter retorno lucrativo leva-se mais de 30 anos, portanto, é muito difícil de saber se qualquer empresário faria investimentos desta magnitude para um prazo tão longo de retorno. Onde o metrô passou a ser gerido pela iniciativa privada como algumas linhas em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, os empresários não investiram um centavo em melhorias, apenas fazem porcamente a manutenção, basta ver os acidentes que acontecem, e recebem o lucro com a cobrança de passagens em um preço tão alto que o número de passageiros reduziu tanto que a saldo financeiro caiu.
Para privatizar a lógica é a mesma para todas as estatais brasileiras, com o metrô não é diferente. Deixam de fazer investimentos e depreciam o patrimônio como boa fórmula para convencer a população de que a empresa deve ser privatizada. Foi isso que começou a acontecer no metrô de Belo Horizonte a partir de 2016. O governo barrou os investimentos e graças ao trabalho dedicado dos metroviários e metroviárias o trem está rodando.
Não é por acaso que a privatização já foi adiada algumas vezes, inclusive agora o governo está sem data para lançar o edital do leilão para doar a empresa porque o Tribunal de Contas da União (TCU) está analisando as evidentes irregularidades no processo.
Querem privatizar o metrô para atender a sanha de lucros dos empresários, que receberão uma espécie de incentivo do governo para manter o metrô funcionando. O primeiro aporte será de R$2,8 bilhões e na sequência serão injetados mais grana dos cofres públicos. Tal como aconteceu no último acordo feito entre a prefeitura de Belo Horizonte e as empresas privadas de ônibus que vão receber R$237 milhões dos cofres públicos para manter os altos lucros destes empresários.