Audiência Pública no dia 12 de agosto debateu sobre as consequências da privatização do metrô para os trabalhadores e usuários.
O debate girou em torno dos prejuízos para os trabalhadores e para os usuários do sistema metroferroviário, caso o processo de privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) seja concluído pelo governo federal.
A Audiência Pública solicitada pela Deputada Beatriz Cerqueira (PT), contou com a participação da Vereadora Iza Lourenço (PSOL); do deputado federal Rogério Correia (PT); Romeu Machado, presidente do SINDIMETRO-MG; Leandra Patrícia, advogada do SINDIMETRO-MG; Gustavo Machado, do Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese); Marcos Roberto do Sindicato dos Metroferroviários de Alagoas; André Xavier do bloco carnavalesco do Barreiro “Esperando o Metrô”; Robson Gomes, da CUT/MG; Joana Campos da Subsecretaria de Transporte e Mobilidade da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra); Afonso Carneiro, engenheiro da CBTU.
Nenhum dos participantes acima defendeu a privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Sendo que foram destacados os aspectos sempre negativos para os usuários de uma forma geral, e para os trabalhadores(as) da empresa.
A necessidade de lucros da iniciativa privada esteve no centro das intervenções, com destaque para a realidade de que o metrô não tem como finalidade principal gerar lucro, mas sim, prestar um serviço social, e que, caso a privatização venha acontecer, as condições do transporte de passageiros será enormemente prejudicado pelo aumento nos valores das tarifas e a precarização dos serviços prestados a população.
Foi questionado também por alguns dos participantes a capacidade da iniciativa privada de investir na expansão e melhoria no setor, visto que seriam investimentos altíssimos e o retorno quando há, é de muito longo prazo. Mesmo agora, para ser privatizado, políticos como o senador Carlos Viana (PSD-MG), vêm propagandeando um investimento para o metrô de BH da ordem de R$3.2bi, pelo governo federal e 600 milhões pelo governo de Minas Geras, isso para tonar a empresa mais apetitiva para os empresários. O fato é que o povo vai pagar pelos investimentos e depois continuará pagando e caro para usá-lo.
Os impactos negativos para os trabalhadores(as) da empresa já estão sendo sentidos nos últimos anos com a falta de conquista de direitos e até retirada de outros. Os salários já estavam praticamente congelados mesmo antes da Proposta de Emenda à Constituição 186/19, a PEC Emergencial. O destino dos trabalhadores(as) concursados das estatais que foram privatizadas no Brasil já é bastante conhecido, o desemprego. Caso isso venha se confirmar, estes trabalhadores(as) só iram engrossar a já enorme fila dos desempregados no país. E o governo ao invés de adotar políticas para geração de empregos, só está realmente trabalhando para encher os bolsos dos grandes empresários e o caixa das multinacionais.
A quem interessa de fato a privatização do metrô? Somente aos empresários e políticos a seu serviço. Em Alagoas, chegou-se ao absurdo da empresa contratada pelo BNDS para fazer os estudos sobre a privatização da CBTU também trabalhar nos estudos de uma das empresas interessadas no futuro leilão da CBTU. Não por acaso existe uma grande campanha contra os serviços públicos no Brasil e sobre as possíveis melhorias com as privatizações. Não obstante os setores privatizados batem recordes de reclamações nos órgãos fiscalizadores, quando não destrói o que podem e o que não podem, exemplo vivo é o da Vale, a Vale do Rio Doce.
Enquanto alguns países do mundo, onde o metrô foi privatizado, está sendo feita a reestatização, no Brasil só se seguem os exemplos de outros países quando é para beneficiar os grandes capitalistas. O metrô só terá investimentos público se for para ser doado a iniciativa privada, fazendo o povo pagar duas vezes, e de forma escancarada. Com obras de expansão e modernização realizadas com recursos totalmente públicos, e tarifas nas alturas para propiciar maior lucros as concessionárias privadas. Portanto afirmar que não tem dinheiro público para fazer as melhorias necessárias no sistema metroferroviário é uma grande mentira do governo.
O SINDIMETRO-MG sempre se posicionou radicalmente contra a privatização do metrô, desde o ponto de vista da defesa dos direitos de seus funcionários, bem como de fazer cumprir sua função social, a mobilidade urbana, além de beneficiar a população, no sentido de impedir que a cidade se torne cada dia mais irrespirável com o aumento descontrolado do tráfego de veículos automotores movidos a gasolina, álcool ou diesel. Essa é a política de governos guiados pela sanha desenfreada de entregar todo o patrimônio público para a iniciativa privada, além de destruir todos os serviços públicos que a população tanto precisa.