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Você sabia que Belo Horizonte pode mudar de nome?

destruicaoTítulo para esta imagem: daqui a pouco vamos ver o mundo inteiro.

O Brasil e o mundo têm sidos depredados fortemente pela extração de minérios. A Vale S.A., a maior mineradora do mundo, vem deixando um rastro de destruição e simultaneamente usa milhões, inclusive com a ajuda de governos para promover a imagem de menina doce e preocupada com o bem-estar e cultura das pessoas. Tudo fachada. Quando FHC entregou a empresa ao setor privado, ela se chamava Cia Vale do Rio Doce e pouco depois de privatizada apenas VALE AS. Belíssima estratégia de apagar a memória da que foi uma grande empresa brasileira. Com a recentíssima(!) descoberta de que a Serra do Curral pode virar lama, a novidade futura é que Belo Horizonte pode vir a ser apenas Horizonte, assim como apagaram o Rio Doce duas vezes.

A face mais tóxica da Vale S.A. apareceu no rompimento da barragem em Mariana (MG) em novembro de 2016, matando de imediato 19 pessoas e fez descer pelo Rio Doce, 48,3 milhões de metros cúbicos de lama, de Mariana até sua foz no povoado de Regência, no Espírito Santo. Os prejuízos para a população e a natureza são incalculáveis. Em 2019, um novo rompimento da barragem I da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho fez 270 vítimas fatais e centenas de milhares de outras que foram atingidas por 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos que desceram pelo Rio Paraopeba até caírem no Rio São Francisco.

As cenas de horror provocadas pelos exploradores de nosso subsolo e do povo trabalhador deixaria qualquer extraterrestre indignado ao ponto de abduzi-los e enviá-los para um presídio em uma galáxia distante. Mas sob a complacência do Estado e da corja que protege os milionários, essa gente continua tranquila como se estivesse no Jardim do Éden. Se não fosse o esforço de alguns aguerridos militantes e pela situação desesperadora das vítimas, esses crimes já teriam sido colocados na lata de lixo da história.

Enquanto aparece como um poço de bondade em atividades culturais, a VALE S.A. cava a sepultura de milhões de serem humanos, animais e flora sem a menor piedade. A hipocrisia ultrapassou os limites e não pode ser considerada do ponto de vista moral senão como pornografia. Mas às favas com a moral já que a VALE S.A. enfrenta o ribeirinho com um batalhão de advogados bem pagos e treinados quase os colocando entre as grades por existirem, como se estivessem no lugar errado e tempo inapropriado.

Mas não é só a VALE S.A., claro! Tem agora uma tal de Gute Sicht (multada em R$ 25 mil por desobedecer a ordens da prefeitura de BH; lembre-se daqueles 10 ou 50 centavos que você deu ao pedinte no semáforo) cavando às costas da cidade e da população, a Serra do Curral. Um município berra e o outro é complacente, todos querem discutir a legalidade ou não para uma situação de lesa humanidade! Acabaram-se os limites! Tudo é possível aos capitalistas desesperados em recuperar as taxas de lucro perdidas com a maior crise econômica que o planeta já viu. Ninguém discute mais a inviabilidade do capitalismo? Pelas barbas do profeta! Será que mais razoável pensar no fim do mundo que no fim desse sistema enlouquecido e doentio?

A VALE S.A. e seus Chiefs Executive Officers (CEOs) se movem como o vento e não têm nenhum contorno para suas ações? Não a VALE S.A. começou a ter prejuízos há dois anos, mas o que é isso se em 2020 teve US$ 4,5 bilhões (líquido!). Nada senhoras e senhores! Eles continuam cavando. Viva o progresso! O progresso do 1% contra 99%. A arte se adianta ao mundo real e o cinema já vem produzindo séries e filmes de um condomínio preservado (‘Elysium’, 2013) e seguro para os 1% que sobreviverão à catástrofe final (e é possível que estejam corretos para quem viu ‘Fahrenheit 451’ (1966) ou ‘Blade Runner’, (1982)). Enquanto o fato não se confirma, as nossas autoridades recomendaram férias para alguns dos executivos da empresa que estiveram à frente das operações criminosas. Enquanto a economia sofre seus reveses temporários de altos e baixos, analisando essa cadeia hereditária, já sabemos seu resultado. Se 1% ganha, 99% perde.

Tem pelejado alguém que pertence aos povos originários como o ambientalista Ailton Krenak com suas “ideias para adiar o fim do mundo” e mesmo alguém assim mais chique do primeiro mundo como o viajante e explorador (no bom sentido) da BBC, ambientalista britânico David Attenborough, nascido em 1926, advertem: o Planeta Terra ainda tem salvação, mas há que se agir rápido. Não podemos aceitar que uma única visão de mundo prevaleça: a do progresso europeu ocidental. Enfim este artigo sobre a VALE S.A.: A Vale no solo movediço da globalização - Outras Palavras, um epílogo no livro de Thiago Aguiar O solo movediço da globalização: Trabalho e extração mineral na Vale S.A.

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