PRIVATIZAÇÃO DA CBTU ENTRA NO TÚNEL
Em 20 de outubro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro fez publicar o Decreto 10.525 com três artigos para a criação da Linha 2 do Metrô em Belo Horizonte, trecho Barreiro-Calafate. Essa é uma velha reivindicação da população que sofre com o transporte público na mão de empresas privadas de ônibus que são dominadas por sete empresas em toda Grande BH.
O decreto presidencial invoca a Lei 13.334 de setembro de 2016 que regulamenta as parcerias entre o poder público e a iniciativa privada. Essa lei aprovada em 2016 é um “negócio da China” para os empresários aumentarem seus lucros explorando serviços essenciais que são operados pelo Estado com o objetivo de manter as condições mínimas de cidadania para o povo brasileiro.
O governo Bolsonaro está entregando o Brasil com o programa de privatização das estatais lucrativas, o discurso de Paulo Guedes sobre os prejuízos das empresas estatais é completamente mentiroso, primeiro porque os livros-caixa das empresas não são abertos e segundo porque ninguém compra qualquer negócio que dá prejuízo.
PRIVATIZAÇÃO É DOAÇÃO PARA EMPRESÁRIOS
O que é chamado de privatização no Brasil são generosas doações que os governos fazem aos capitalistas privados. Os privatistas “neoliberais” saqueiam os bens públicos que se encontram no nome do Estado, governos de plantão. Sem sequer uma consulta pública vendem os bens que foram construídos com o dinheiro do povo e que é patrimônio nacional a preço de banana.
A Companhia Vale do Rio Doce foi “privatizada” durante o governo de FHC, em 1996, por valor simbólico de 2,5% do seu valor, cotada em Bolsas internacionais no valor de 60 bilhões de dólares, foi entregue por R$ 3 bilhões para o Sr. Benjamin Steinbruch, ainda com estorno de impostos por R$ 640 milhões e tudo podendo ser pago por meio dos títulos podres da dívida pública gerados em 1993, quando os três futuros figurões da Economia de FHC duplicaram a dívida pública do Brasil, como num passe de mágica, num final de semana. De tão podre, essa operação foi realizada num paraíso fiscal, Luxemburgo, para que ninguém pudesse nem sequer protestar.
Steinbruch chegou a declarar publicamente que poderia acabar com o horário de almoço dos trabalhadores, já que era possível comer com uma mão e operar a máquina com a outra. Um presente e tanto. A Vale do Rio Doce continua sendo a maior produtora e exportadora de minério do mundo.
Antes havia sido privatizada outra gigante brasileira, no governo de Itamar Franco, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizada em Volta Redonda (RJ). A CSN empregava de forma direta, em 1988, mais de 40 mil operários. Naquele ano, ocorreu uma enorme greve, que foi vencida pelo Exército deixando um saldo de três operários assassinados. Em 1993, quando a CSN foi entregue, o número de operários diretos tinha caído para 17 mil e hoje não passam de 7 mil. Foi entregue por valor estimado de 1,2 bilhão de reais, ou 5% do valor de mercado, sob a mesma desculpa de sempre, “dava prejuízo”.
A estatal de Telecomunicações Brasileira (Telebras) depois de fatiada em 12 partes, foi entregue para a Telefônica de Espanha, num consórcio liderado pela Telecom Itália e o grupo AG Telecom, em 1998.
Fernando Henrique Cardoso entregou nossas ferrovias e praticamente acabou com o transporte de passageiro a longa distância que passou a ser praticamente todo feito por rodovias. Um presentinho para as grandes petrolíferas.
A política do atual governo é de entregar o Brasil e isto passa pela privatização de mais de 250 estatais federais e estaduais. A CBTU está entre elas. Ainda dá tempo de reagir contra a doação da empresa que, se privatizada, demitirá os concursados e contratará trabalhadores praticamente sem direitos. Os preços das passagens serão ainda mais altos inviabilizando a função social da empresa de prover a mobilidade urbana.